Quando um caso emergencial de arritmia aguda, infarto do miocárdio ou parada cardiorrespiratória acontece, todos os segundos são preciosos. Pois, eles envolvem as chances de salvamento para uma pessoa. Nestes casos, a espera pelo atendimento do serviço emergencial pode não ser suficiente para a manutenção da vida. As práticas de primeiros socorros devem começar imediatamente e, quando necessário, o uso do desfibrilador também.
No Brasil, 200 mil pessoas morrem por ano por arritmias cardíacas fora do ambiente hospitalar, segundo dados da Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas (SOBRAC). Essas mortes acontecem principalmente pelo socorro médico não chegar à tempo de salvar a vítima. Se for socorrida no 1º minuto, a vítima de parada cardíaca tem 90% de chances de sobreviver.
Mas como o resgate médico demora em média de 18 minutos, nos centros urbanos, essa chance pode ser menor que 2%. Cada minuto de parada cardiorrespiratória diminui em 10% a chance de sobrevivência. E a presença de um desfibrilador no local onde ocorre a emergência é a garantia de um socorro rápido. O que pode ser o diferencial entre vida e morte do paciente.
A expansão do conhecimento do uso de desfibrilador
O uso de desfibriladores portáteis significa muito para salvar vidas. Pois, a grande maioria dos casos de morte súbita não acontece nos hospitais. Mas, sim, nos ambientes externos. De modo que ter o aparelho e saber como operá-lo despertou a criação de Programas de Treinamento em Ressuscitação Cardiopulmonar e Desfibrilação Automática para leigos. Ou seja, treinamento especial para quem não é um profissional de saúde.
Todo este conhecimento e incentivo ao aprendizado da operação de desfibriladores aconteceram de maneira lenta ao longo dos anos. Inicialmente, os aparelhos não eram automáticos, como é o caso do Desfibrilador Externo Automático (DEA), eles eram manuais e exigia-se conhecimento que foi aos poucos sendo melhor desenvolvido.
Foi dada a oportunidade de manuseio para profissionais que não eram médicos, mas que atendiam pelo Corpo de Bombeiros da Polícia Militar das principais cidades. Porém, para isso, eles precisavam antes ter um amplo conhecimento sobre ritmos cardíacos.
Somente mais tarde foi permitido que agentes não tradicionais como bombeiros, policiais, tripulantes de aviões/navios e também agentes de segurança em estabelecimento diversos tivessem o conhecimento. E agora com os modelos automáticos, até mesmo um leigo treinado pode operar. Pois, é seguro e autoexplicativo. O equipamento irá realizar choques somente quando diagnosticada a necessidade pelo sistema automatizado.
O pronto uso do desfibrilador em uma situação de emergência
Como a maior parte das paradas cardíacas acontece fora dos hospitais, são necessárias algumas intervenções antes da chegada no hospital. É isso o que ajuda a evitar a morte de uma pessoa em decorrência de problemas cardíacos.
Quando estes acessos e ações são negligenciados ou não acontecem no tempo correto, pode não haver chances de sobrevivência para o paciente. Conhecer as manobras manuais e a operação de aparelhos desfibriladores são atitudes que podem salvar vidas. Além disso, cobrar a existência de desfibriladores nos locais em que você frequenta.
O correto é que a atenção a uma pessoa que sofra com uma crise cardíaca seja feita seguindo algumas etapas.
- A primeira é fazer a pronta comunicação do acontecido ao Serviço de Emergência, solicitando a sua presença o mais rápida possível.
- Logo de imediato, deve-se administrar as manobras de ressuscitação cardiopulmonar – RCP, que são as manobras para a manutenção da circulação sanguínea.
- Ao mesmo tempo, o Desfibrilador Externo Automático (DEA) deve ser trazido e conectado ao tórax do paciente através de seus eletrodos. Através da identificação do ritmo cardíaco, ele poderá realizar a aplicação de impulsos elétricos. Além de emitir orientações sobre as ações necessárias de atendimento à vítima.
Conhecimento acessível para leigos
Países desenvolvidos já investem e incentivam o conhecimento do uso dos desfibriladores externos automáticos – DEA pelo público leigo. O objetivo é fazer com que as taxas de mortalidade sobre essas condições sejam diminuídas pelo pronto atendimento fora de unidades hospitalares. Além disso, a população se torna mais protegida e segura por ter um DEA sempre ao alcance.
Sendo assim, as pessoas, com o conhecimento adequado, saberão realizar procedimentos de primeiros socorros para situações emergenciais. E, ainda, saberão usar o DEA corretamente. Nestes países cabe ao enfermeiro ensinar as pessoas leigas sobre os procedimentos no atendimento de paradas cardiorrespiratórias em qualquer ambiente.
No Brasil, o processo ainda está no início. Inúmeras leis estaduais e municipais já vigoram no país regulamentado a obrigatoriedade da presença de um DEA em locais como shoppings, empresas, clubes, academias, entre outros. No entanto, a informação e a conscientização sobre a importância do equipamento em todos os ambientes precisa ser difundida. Especialmente, em escolas, condomínios e nos demais espaços privados – e também em espaços públicos. Assim, as pessoas poderão cobrar de governantes, donos de empresas e administradoras de condomínios.
Veja no vídeo abaixo como funciona o Desfibrilador. E saiba também como o sistema de Feedback de RCP pode dobrar ou até mesmo triplicar as chances de sobrevivência do paciente que sofre uma parada cardiorrespiratória.