Entenda por que o número de paradas cardíacas aumentou durante a pandemia

17/02/2022

Entenda por que o número de paradas cardíacas aumentou durante a pandemia

A pandemia da Covid-19 fez disparar o alarme no mundo inteiro devido ao alastramento da doença, mas não são apenas as infecções pelo novo coronavírus que trazem preocupação às autoridades sanitárias. O número de casos de paradas cardíacas também aumentou durante a pandemia em decorrência da proliferação da Covid.

A constatação é de um estudo elaborado no fim de 2020 pelas universidades federais do Rio de Janeiro (UFRJ) e de Minas Gerais (UFMG), juntamente com a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) e com o Hospital Alberto Urquiza Wanderley, na Paraíba.

A análise revela que em duas capitais as mortes por infarto, AVC e por problemas cardiovasculares cresceram bem acima de 100% em relação a 2019: são os casos de Manaus (132%) e Belém (126%). Além dessas localidades, Fortaleza (87,7%), Recife (71,7%), Rio de Janeiro (38,7%) e São Paulo (31,1%) também tiveram grandes altas na quantidade de mortes.

Os números de 2021 também foram preocupantes. Se durante todo o ano de 2020 mais de 380 mil pessoas morreram por alguma doença ou complicação cardíaca, no ano passado, apenas até o início de agosto, os índices da mortalidade já superavam 243 mil vítimas. O registro é da Sociedade Brasileira de Cardiologia, através do Cardiômetro, um contador online que demonstra a média de mortes por problemas cardíacos ao longo do ano.

Mais casos, menos atendimentos

Um detalhe que chamou a atenção dos pesquisadores foi que o aumento dos casos contrastou com a quantidade menor de atendimentos hospitalares. As internações por AVC e ataques cardíacos sofreram redução a partir do início da pandemia. Os motivos, na visão de quem conduziu o estudo, é que as pessoas com  estavam morrendo em casa, por medo de ir ao hospital em plena pandemia e contrair o vírus.

As mortes ocorridas em casa dificultam a apuração da origem do problema. Nem sempre é possível identificar se a parada cardíaca foi fruto de algum quadro clínico que antecede a Covid ou se foi pela própria doença respiratória. Por isso, não é possível cravar com exatidão a quantidade de pessoas que morreram por complicações cardíacas em decorrência da doença.

Efeitos da Covid para o coração

 Hoje se sabe com precisão que há efeitos diretos da Covid para o coração. O coronavírus compromete a respiração e provoca coágulos sanguíneos, que são acúmulos de células capazes de entupir as artérias, aumentando as chances de parada cardíaca. Também há confirmações de que, passados meses após período da infecção, é possível permanecer uma inflamação no músculo cardíaco, o que também eleva a chance de uma arritmia.

Desfibrilador Externo Automático

 Uma das formas mais eficazes de se evitar que muitas das paradas cardíacas resultem em morte é a presença, próximo à vítima, de um Desfibrilador Externo Automático (DEA), que é usado para corrigir a arritmia do coração. É importante lembrar que qualquer pessoa, mesmo sem histórico de doenças cardíacas, pode sofrer infarto ou mal súbito a qualquer momento. Ou seja, o equipamento é uma segurança em casos inesperados.

Em muitos chamados de socorro, a espera pelo resgate pode superar os 10 minutos, tempo médio de resistência de um ser humano a uma parada cardíaca. Por isso, a presença de um DEA em locais públicos, como condomínios residenciais e comerciais, em shoppings, estádios e supermercados, pode ser a salvação de alguém que sofre repentinamente uma crise.

A peculiaridade do DEA é que ele realiza o diagnóstico automático da arritmia cardíaca. A partir daí, o aparelho inicia automaticamente, se for o caso, o tratamento da desfibrilação, com a emissão de pequenos choques elétricos. Isso faz com que as batidas cardíacas sejam reiniciadas. Além de portátil, o aparelho é de fácil manuseio, inclusive por pessoas que não são da área médica. Com um pouco de orientação, qualquer pessoa, mesmo que seja uma criança próxima dos 10 anos, é capaz de operar o DEA.

Atendimento médico

 É importante ressaltar que o DEA salva vidas, mas não pode ser visto como um substituto ao atendimento médico hospitalar. Ainda que uma vítima de parada cardíaca seja submetida ao processo de salvação com o uso do equipamento, é importante que ela procure auxílio médico especializado o mais rápido possível. Além disso, é importante manter hábitos de vida saudáveis, como no consumo de alimentos, na prática de exercícios físicos regulares e na restrição a bebidas alcoólicas, ao fumo e às drogas.

 

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